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Ex-primeiro-ministro da Geórgia enfrenta acusações de sequestro

Bidzina Ivanishvili, ex-primeiro-ministro da Geórgia, está no centro de uma polêmica que envolve acusações graves de sequestro e tortura contra George Bachiashvili, um empresário que já foi seu parceiro de negócios. A história gira em torno de uma quantia significativa: 12 mil bitcoins, que, atualmente, valem cerca de US$ 1,5 bilhão (uns R$ 7,9 bilhões). Esses bitcoins foram minerados em 2015, quando a criptomoeda ainda estava abaixo da marca dos US$ 1.000.

Ivanishvili, além de ser considerado o homem mais rico da Geórgia, é conhecido por sua influência nas eleições locais e, inclusive, sofreu sanções dos EUA, devido à sua postura. Isso mostra como o ex-primeiro-ministro está no radar internacional. Por outro lado, temos Bachiashvili, que foi indicado ao cargo de vice-diretor executivo do Partnership Fund, um fundo de investimento estatal da Geórgia, por Ivanishvili, e se tornou CEO do Georgian Co-Investment Fund (GCF) em 2013.

Na época, o Bitcoin ainda era um conceito novo para muitos, mas a Geórgia já contava com a Bitfury, uma das maiores empresas de criptomoedas, focada na fabricação de equipamentos de mineração. Bachiashvili usou sua influência e investimentos — desembolsando US$ 1,3 milhão e pegando um empréstimo de US$ 5 milhões de um banco que estava sob controle de Ivanishvili — para alugar poder computacional da Bitfury. O investimento foi bem-sucedido e, no ano seguinte, ele havia acumulado 24 mil bitcoins.

Com o aumento do valor do Bitcoin, a quantia de Bachiashvili passou a valer muito mais. Uma certa tensão começou quando, em 2023, Ivanishvili contestou o empréstimo e passou a reivindicar os bitcoins, alegando que o acordo inicial lhe dava direito a uma parte dos lucros. A situação foi para a justiça, e Bachiashvili, percebendo que as coisas não estavam a seu favor, fugiu do país em direção à Armênia e, depois, aos Emirados Árabes Unidos. Ele foi condenado à revelia na Geórgia por roubo e lavagem de dinheiro, enfrentando uma pena de 11 anos.

Mesmo sendo considerado um lugar acolhedor para investidores em criptomoedas, Bachiashvili teve seus planos frustrados quando foi impedido de sair dos Emirados. Uma denúncia de um empresário local, que alegava que ele havia tomado um empréstimo não pago de US$ 500.000, o manteve preso. Enquanto lidava com essas acusações, um grupo de homens abordou Bachiashvili bem no dia 24 de maio. Ele se viu em uma armadilha.

Após ser levado a um aeroporto privado, o empresário foi algemado e encapuzado, mas conseguiu reconhecer algumas pessoas no jato, incluindo um membro da agência de segurança do Estado da Geórgia. Chegando em Tbilisi, ele foi direto para a prisão e começou a receber ameaças. Ele foi pressionado a entregar suas criptomoedas e, quando se recusou, foi agredido. Em uma carta ao advogado, Bachiashvili descreveu uma situação alarmante, com sangue na cela.

A defesa de Ivanishvili nega as acusações de Bachiashvili e afirma que ele foi capturado em uma área de fronteira entre a Geórgia, Armênia e Azerbaijão. A situação também levanta questões sobre a colaboração dos Emirados Árabes no sequestro, especialmente em meio a mudanças na liderança de uma agência importante das Nações Unidas. Às vezes, esses eventos chamam a atenção por detrás de uma fachada de negócios e política, trazendo à tona uma narrativa complexa e sombria.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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